quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Deus é Paciência

Retrato de Paciência Escalier
Vincent Van Gogh

Dentre os inúmeros aforismos usados no romance Grande Sertão:Veredas por Guimarães Rosa para definir Deus, um dos meus preferidos é quando o jagunço Riobaldo afirma: “Deus é paciência!”. Às vezes acho que não pode ter definição mais certeira e bonita para o grande arquiteto do universo. 

Não tenho dúvidas, que a paciência para consigo e para com os outros é a virtude que mais tem faltado nesses dias loucos. O amor é paciente – diz São Paulo em sua carta aos Coríntios. Mas estamos sempre explosivos e impacientes: no trânsito – coitado do pedestre; no trabalho – coitado do colega; na faculdade – coitado do professor; no restaurante – coitado do garçom; na família – coitados dos filhos; se a internet não funciona – coitado do mundo. 

Enfim, na vida vamos deixando nos faltar a paciência, e, por conseguinte, o amor. 

Como sentencia a sabedoria do provérbio chinês: “Um momento de paciência pode evitar um grande desastre. Um momento de impaciência pode arruinar toda uma vida”. Muitas vezes, por falta de paciência não perseveramos na fé e perdemos o foco no que verdadeiramente importa e abandonamos nossos sonhos, e nem nos damos conta que o motivo de tudo está justamente na maldita impaciência. 

O cantor e compositor Lenine destaca esse sentimento muito bem nos versos da sua bela canção Paciência: “O mundo vai girando/ Cada vez mais veloz /A gente espera do mundo/ E o mundo espera de nós/ Um pouco mais de paciência”. Por isso é preciso ter paciência, e, sobretudo fé – como já disse – para caminhar caminho certeiro depois de dado o primeiro passo, não desistir e seguir sem tropeço, mas quando tropeçarmos é preciso recorrer à paciência e a fé novamente para recomeçar. Não existem outras virtudes tão eficazes. 

Santa Tereza de Ávila, doutora e poetisa da igreja católica, por sua vez nós dá um conselho que ilustra muita bem o sentido do aforismo de Guimarães Rosa que destaquei no início da crônica – Deus é paciência! – em seu poema-oração, evoca a grande mística: “Nada te perturbe, Nada te espante,/ Tudo passa, Deus não muda,/A paciência tudo alcança;/ Quem a Deus tem, Nada lhe falta: Só Deus basta!”. 

Por Bruno Paulino

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